LEKA VERDE- EDUCAÇÃO E SUSTENTABILIDADE

O projeto sustentável Leka Verde surgiu de uma parceria da jornalista Karina de Carvalho com a economista Maria Eunice Bulcão Viana , onde pretendemos criar um espaço de discussão sobre o nosso meio ambiente e a educação sustentável. Programamos uma série de eventos entre eles um grande mutirão envolvendo escolas da zona rural do entorno de Brasília. Até o final do ano montaremos uma horta nos padrões da permacultura. Att leka em sueco significa BRINCAR. Beijos verdes lekaverde@gmail.com

2007/09/06

PERMACULTURA



Permacultura: um caminho para a sustentabilidade

Autores: Eduardo Lyra Rocha e Mônica Passarinho Mesquita
Colaboradores: Rafael Poubel (texto) e Gabriel Romeo (edição de fotos)
IPOEMA – Instituto de Permacultura: Organização Ecovilas e Meio Ambiente

Como viver em casas de barro, beber água da chuva, produzir comida no quintal e se relacionar de forma comunitária pode contribuir para os principais problemas da atualidade? Como soluções simples e baratas se unem à tecnologia moderna e criam uma metodologia capaz de ser replicada por qualquer um em qualquer parte do mundo? Como conceber que nossa espécie, o Ser Humano, é apenas uma pequena célula de um macro organismo complexo chamado Terra ou Gaia? As respostas para essas perguntas são os desafios da Permacultura, uma ciência presente em mais de 120 países e que, chegada ao Brasil na última década, possui exemplos concretos em diversos estados Brasileiros e é parte da vida de pessoas que moram em Brasília e integram o Ipoema, o Instituto de Permacultura: Organização, Ecovilas e Meio Ambiente. Hoje, no Brasil, já existem 12 institutos de Permacultura, 2 redes nacionais, uma série de pessoas, projetos e comunidades que vivem dentro da proposta permacultural (http://www.permacultura.org.br/).
Faz algum tempo que aquecimento global, desflorestamento e escassez de água potável passaram a ser de interesse geral e não apenas de ambientalistas. Números revelam em pleno século XXI que, por ano, mais de 300 milhões de pessoas morrem de fome e 900 milhões vivem subnutridas[1], confirmando a inabilidade de nossa “civilização” em lidar com a desigualdade social que afeta todos sem distinção e que urge por soluções imediatas vindas da sociedade civil e governos. Porém, entender que as práticas humanas não sustentáveis causam severos danos ambientais e têm como conseqüência para a própria sociedade a fome, as guerras, as doenças e, em alguns casos, a possibilidade de colapso[2], ainda não é consenso entre os formadores de opinião e muito menos entre o senso comum.

A Permacultura
O termo Permacultura nasce com Bill Mollison e David Holmgren na Austrália no final da década de 70, em meio a um amplo movimento ecológico que defende e acredita que: uma mudança de rota dos atuais padrões de comportamento e consumo é melhor para nós, para o meio ambiente, para as relações do ser humano com a natureza, para o destino comum de todos e para a garantia de vida para as gerações futuras[3]. Inicialmente criada para ser uma prática ecológica de produção de alimentos, com o tempo, a Permacultura transcende a agricultura e passa a buscar soluções para a sustentabilidade em diversas áreas do conhecimento humano; tais como ecologia, arquitetura, engenharia, ciências naturais, sociais e práticas de povos tradicionais. Tal amplitude exigiu uma nova forma de enxergar, viver e caminhar sobre o Planeta, uma cultura de permanência, do termo original em inglês, a Permanent Culture.
A Permacultura adota em seus princípios a Ética do Cuidado, explicitada em três máximas: o cuidado com o planeta Terra, o cuidado com as pessoas e cuidado com o estabelecimento de limites para o consumo, reprodução e a redistribuição justa dos excedentes[4] e [5]. Em termos práticos a Permacultura é definida de forma simplificada como o planejamento e execução de ocupações ou assentamentos humanos, capazes de atender de forma sustentável às quatro necessidades básicas de qualquer ser humano: água, alimento, habitação e energia.

O Ipoema
Em Brasília/DF, o movimento da permacultura é representado de forma coletiva pelo IPOEMA – Instituto de Permacultura: Organização, Ecovilas e Meio Ambiente, uma associação da sociedade civil sem fins lucrativos, que tem como missão viver, aprender, ensinar e difundir a Permacultura.

O Ipoema atua hoje em 3 linhas gerais de ações:

1. Elaboração e execução de projetos socioambientais para a (a) capacitação e assistência técnica a comunidades rurais ou periurbanas e (b) educação ambiental propositiva com crianças do meio rural e/ou carentes.
2. Educação permacultural por meio de (a) cursos abertos em design permacultural, bioconstruções, agroflorestas sucessionais e alimentação ecológica e (b) palestras, oficinas e organização de encontros onde a Permacultura é praticada.
3. Organização de trabalho voluntariado, visitas e vivências com escolas e universidades nas Estações Permaculturais onde o Ipoema atua.

Entre os projetos do Instituto pode-se destacar a parceria com o assentamento rural Colônia I, localizado em Padre Bernardo/GO, que vem promovendo a produção ecológica de alimentos por meio de sistemas agroflorestais e outras técnicas como a captação da água da chuva; o projeto Sombra da Mata, que trabalha com a Educação Ambiental Propositiva, envolvendo mais de 70 crianças da comunidade rural do Gama/DF; e o projeto no Orfanato Lar Rita de Cássia em Valparaíso II/GO, que atua com ações que necessariamente transcendem a questão ambiental e auxiliam na higiene corporal, na nutrição e acompanhamento escolar das crianças.
O Ipoema realiza o curso internacionalmente reconhecido chamado PDC – Permacultura: Curso de Design, que engloba temas como sistemas naturais, bioconstruções e agroecologia. Recentemente foi realizada também a colônia de férias com as bases do PDC chamada de PDCinho, que promoveu o contato com a natureza e a inclusão social, onde crianças de escolas particulares conviveram nas chácaras com crianças do orfanato Rita de Cássia.
O Ipoema realiza visitas e vivências com universidades, estudantes e comunidade em geral nos sítios onde atua, tendo com principal referência o trabalho de 8 anos da Chácara Asa Branca (http://www.asabrana.org.br/). Além disso, o Instituto participa da organização do Festival da cultura consciente Puroritmo, que promove encontros sem o uso de bebidas alcoólicas ou entorpecentes e enfatiza a prática permacultural em diversos níveis como por exemplo a alimentação ecológica e os sistemas de trocas solidárias e consumo consciente (http://www.puroritmo.org.br/).

Prática Permacultural

Fundamental na Permacultura é praticar aquilo que se propõe. Por isso, viver em casas ecológicas, trabalhar com a natureza, vivenciar relações comunitárias e realizar projetos que sejam replicáveis é a base para o sucesso das ações do Ipoema ou das pessoas que se propõe à prática permacultural.
Mas, e se nada disso se adaptar a sua vida? Existem diversas formas de praticar a cultura da permanência e o cuidado com o planeta, tais como comprar alimentos orgânicos diretamente de produtores familiares, valorizar a cultura e os costumes locais, plantar árvores ou consumir produtos de empresas que plantam árvores ou separar e reciclar o lixo doméstico.
Lembre-se que uma forma de praticar tudo isso em maior escala é apoiar direta ou indiretamente pessoas, comunidades ou instituições que, de alguma maneira, decidiram assumir a máxima da Permacultura e serem responsáveis pela sua própria existência no Planeta. O Ipoema pode contar com sua participação e colaboração. Para isso existem duas formas: doações como associado ou não e participação efetiva nos projetos. Para maiores informações e agendamento de visitas entre em contato com o Ipoema pelo endereço eletrônico ipoema@ipoema.org.br - visite nosso site http://www.ipoema.org.br/.

[1] ZIEGLER, Jean. A fome no mundo explicada a meu filho. Petrópolis: Vozes, 2002.
[2] DIAMONG, Jared. Colapso: como as sociedades escolhem o fracasso ou o sucesso. Rio de Janeiro: Record, 2006.
[3] BOFF, Leonardo. Ecologia: grito da terra, grito dos pobres. Rio de Janeiro: Sextante, 2004.
[4] MOLLISON, Bill. Permaculture: designers` manual. 8a. ed. Tyalgum, Austrália: Tagari Publication, 1999.
[5] HOLMGREN, David. Permaculture: Principles and Pathways, Beyond Sustainability. 1a ed. Holmgren Design Services. Victoria, Austrália, 2002.

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