LEKA VERDE- EDUCAÇÃO E SUSTENTABILIDADE

O projeto sustentável Leka Verde surgiu de uma parceria da jornalista Karina de Carvalho com a economista Maria Eunice Bulcão Viana , onde pretendemos criar um espaço de discussão sobre o nosso meio ambiente e a educação sustentável. Programamos uma série de eventos entre eles um grande mutirão envolvendo escolas da zona rural do entorno de Brasília. Até o final do ano montaremos uma horta nos padrões da permacultura. Att leka em sueco significa BRINCAR. Beijos verdes lekaverde@gmail.com

2008/06/27

CONSUMO É VILÃO AMBIENTAL

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25/06/2008 - 11h11


Consumo é vilão ambiental, diz antropólogo

EDUARDO GERAQUE
da Folha de S.Paulo

Para resolver o problema ambiental nº 1 do mundo, a receita do antropólogo Emilio Moran, 61, nascido em Cuba, mas morador dos Estados Unidos desde os 14 anos, chega a ser prosaica. "Temos que aprender a desligar a televisão. Ela é a principal ferramenta do consumismo", afirma o especialista em América Latina, que há mais 30 anos investiga o desenvolvimento humano da Amazônia brasileira.

Apesar de a entrevista ter sido feita em um hotel a meio quarteirão da rua Oscar Freire (o palco das grandes grifes mundiais em São Paulo fora dos shoppings) o entrevistado, com orgulho, comenta: "Esta calça que estou usando eu comprei há 25 anos."

Moran é um acadêmico tradicional e assiste televisão. Na Universidade de Indiana, ele dirige um centro que une a antropologia às mudanças climáticas globais --o agricultor amazônico, por exemplo, segundo uma pesquisa feita pelo grupo, não sabe se proteger contra o El Niño, porque ele não registra essas oscilações naturais ao longo do tempo.

Pobreza amazônica

Se o modelo mundial de desenvolvimento, para o pesquisador, está errado, o da Amazônia idem. "Nos últimos 30 anos, o aumento do PIB da população amazônica subiu menos de 1%. Na região, quem ganha é quem já era rico em São Paulo e no Rio de Janeiro."

O antropólogo, que chegou à floresta no início das obras da rodovia Transamazônica, diz que pouco mudou na região. "Não existe infra-estrutura para o pequeno agricultor. A estrada, por exemplo, não mudou muito, continua ruim. Existe ausência de governo na Amazônia com toda a certeza."

Os grandes produtores, lembra o pesquisador, montam sua própria infra-estrutura e acabam fugindo do problema encontrado pelos menores.

"Falta compromisso com a indústria regional, que poderia valorizar os produtos amazônicos. Daria, por exemplo, para fazer uma fábrica de abacaxi enlatado, ou de suco". São várias opções disponíveis, diz Moran, que trabalha em áreas críticas, como Altamira (PA).

A experiência acumulada no campo, inclusive nos recantos amazônicos, é que leva o antropólogo a afirmar: "O maior problema ambiental do mundo é o consumismo. O mercado ensina egoísmo e o indivíduo cada vez mais está centrado em si mesmo", afirma.

Parte do caminho para sair dessa cilada ambiental, Moran apresenta no livro "Nós e a Natureza" (Editora Senac), lançado anteontem no Brasil. "É um livro mais apaixonado. Experimentei a sensação de ir além dos escritos acadêmicos", diz.

Para reforçar seu ponto de vista, de que o modelo mundial é insustentável, Moran usa exemplos da classe média brasileira e da sociedade americana. Ambas ele conhece bem. No caso nacional, cita a história em que um filho de uma família de classe média do interior de São Paulo comentou com a mãe que eles eram pobres. O motivo era a ausência de uma televisão de plasma na sala, em comparação com a residência do vizinho.

"Subprime" ambiental

"No caso americano, a crise imobiliária é também um problema claro de consumismo", afirma Moran. "O americano, na média, está todo endividado. A maioria paga apenas os juros. Cada um tem uns US$ 20 mil em dívidas só no cartão de crédito". E isso, segundo ele, apenas para querer ter mais e mais. "No caso do mercado imobiliário, por exemplo, muitos fazem a segunda hipoteca [antes de quitar a primeira] para mudar para uma casa maior.

Segundo o antropólogo, enquanto nos anos 1950 a casa de uma família média americana tinha uma vaga na garagem e 140 metros quadrados para seis pessoas, hoje ela tem espaço para três carros e 300 metros quadrados para quatro pessoas.

E os carros, lembra Moran, queimam petróleo cada vez mais em maior quantidade, por causa do tamanho e da potência do motor. "Tenho feito o caminho inverso. Hoje, tenho um carro pequeno e de quatro cilindros", conta o cientista.

Apesar de o quadro ambiental mundial ser dramático, o antropólogo afirma ser otimista e retrata isso em seu novo livro também. "Se não existir esperança, o melhor é pendurar as chuteiras e ir embora."

Para Moran, é o consumidor individual o único que tem poder de ação de fato. "As pessoas podem chegar e dizer "não". Elas podem não consumir mais porque aquilo vai endividá-las e criar pressões [ambientais]".

Além de ensinar os filhos a lerem com um olhar crítico os comerciais, todos deveriam olhar suas gavetas, seus armários, diz ele. "O importante é saber que não se está sozinho. Existem milhões de pessoas no mundo que já não aceitam esse modelo [de desenvolvimento] que nos levará ao colapso."


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2008/05/07

Sacos Plásticos

a China acaba de proibir o uso de sacos pláticos! Imagine o impacto positivo no meio-ambiente. No Brasil, nascedouro da Escola da Biomassa ou da Civilização da Fotossíntese, ainda se critica o presidente da república por demonstrar que podemos nos libertar das consequências nefastas da tirania petroleira que impõe desde uma agricultura petrogenada, do adubo ao veneno, do saco ao combustível fóssil, até as indústrias de embalagens contaminantes incluindo o plástico das gôndulas dos supermercados, sem falar no botão da camisa de cada um. Tudo pode ser substituído com incomparável vantagem pela civilizacáo da fotossíntese, através da alcool-química, que pode produzir sacos biodegradáveis e o combustível que tem a capacidade de retirar da atmosfera 650 milhões de toneladas de CO2, o que já é um ponto para o Brasil nestes 30 anos de etanol. AL^professor Bautista Vidal!!! Pode-se produzir combustível e alimento conjuntamente, aliás muito mais alimento, se o pequeno produtor rural da agricultura camponesa, alcançar autonomia energética, e com isto mais renda, tornando-se independente da tirania petroleira. Os adubos petroquïmicos, responsávelis por boa parte da alta dos alimentos, pela contaminaçao ambiental e por várias enfermidades degerativas, também serão dispensados. No entando, apesar da lúcida posicão do presidente da república, ainda predomina uma alienaçao energética sobre nossas potencialidades e os gringos estao comprando nosso território, com dólar sem lastro, para controlarem a energia do futuro, quando a energia do passado, a do petróleo, estiver defintivamente esgotada. Devemos apoiar a idéia de Lula de criar uma Empresa Brasileira de Energia Renovável para planificar e garantir a soberania brasileira sobre este setor estratético.

2008/01/03

Indios Colombianos

FOLHA _ HOJE

Índios colombianos se refugiam no Brasil
Censo mostra que 405 indígenas atravessaram a fronteira fugindo do recrutamento forçado pelas Farc

KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS

Um censo inédito feito na fronteira do Brasil com a Colômbia identificou 405 indígenas colombianos de dez etnias, que entraram em território brasileiro fugindo do conflito armado no país vizinho, sobretudo do recrutamento forçado pelas Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
Os indígenas foram identificados pela Foirn (Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro) em levantamento solicitado pelo Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados) no Brasil. Eles fugiram, principalmente, da região colombiana de Mitú, no rio Uaupés, marcada por intensos confrontos.
Ainda não reconhecidos pelo governo brasileiro, os indígenas integram estatística de 4.000 refugiados que, nos últimos cinco anos, se deslocaram para o país, especialmente para a Amazônia Legal -que compreende partes do Acre, Pará, Amazonas, Amapá, Roraima, Rondônia, Mato Grosso, Maranhão, Tocantins e Goiás.
Os refugiados chegam à selva amazônica brasileira viajando dias e até meses em barcos. Atravessam a fronteira pelas cidades amazonenses de Tabatinga ou São Gabriel da Cachoeira. Também entram no Brasil pela Venezuela.
André Fernando, coordenador da Foirn, disse que os índios são alvo de guerrilheiros porque conhecem a selva. "Eles temem as Farc porque eles levam os filhos dos índios para lutar ou para envolvimento no tráfico de drogas."
Em dezembro, em Manaus, o representante do Acnur no Brasil, Luis Varese, classificou como "tragédia humanitária" o aumento de refugiados na Amazônia Legal. "A invisibilidade do conflito colombiano é o fator responsável por essa tragédia humanitária que acontece na fronteira do Brasil."
Varese assinou acordo de cooperação com os secretários de Direitos Humanos do Amazonas e de Manaus para ações de assistência a refugiados. Um escritório do Acnur foi aberto na capital amazonense.
O governo brasileiro, segundo o Acnur, já reconheceu 3.500 refugiados de 69 nacionalidades diferentes no país.

2007/12/26

Rio São Francisco

São Paulo, quarta-feira, 26 de dezembro de 2007


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São Francisco se transforma no rio da discórdia com obras
Projeto de transpor as águas coloca em lados opostos ribeirinhos e sertanejos

PAULO REBÊLO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O chão é árido a ponto de rachar. Os galhos quebram com facilidade de tão secos. Açudes e palmas de cactos que servem como alimento de animais -e até de seres humanos- também secam. Se vivo estivesse, Graciliano Ramos certamente diria que as vidas nunca deixaram de ser secas. Ele só não saberia explicar como pode haver tanta água a poucos quilômetros de um cenário tão ríspido.
Às margens do rio São Francisco, o agricultor Valdemar Bezerra Luna criou filhos e netos nessa região longe de grandes cidades e carente de infra-estrutura. Afinal, dos 84 anos 54 foram à beira do rio no sertão pernambucano. Depois de tanto tempo, ele garante que sua própria existência tornou-se uma extensão do rio, com benesses desde a água para consumo até a manutenção de uma pequena roça com a qual alimenta a família. A vida de seu Valdemar não é muito diferente da de milhares de famílias às margens do gigantesco rio com 2.863 km de extensão, cuja nascente fica na Serra da Canastra (MG). As turvas águas da bacia hidrográfica do São Francisco percorrem 504 municípios, com população ribeirinha que ultrapassa os 13 milhões.
Seu Valdemar anda curioso com as conversas dos amigos sobre o tal projeto do governo de levar "um pouco d'água" para outros Estados do Nordeste. Alheio à polêmica, ele duvida de que o rio será prejudicado como tanto falam. "Estamos nos alimentando do rio e até hoje não nos faltou, acho que se tirar um pouquinho e levar para quem também precisa não vai fazer mal", pondera. Nostálgico, lembra os bons tempos de um vigoroso Velho Chico, bem diferente da condição precária de hoje, sem peixes e com água impossível de beber sem o uso controlado de remédios, como o hipoclorito de sódio, por conta da poluição.
Pelas letras oficiais, o projeto de transpor as águas do rio São Francisco para abastecer partes do semi-árido nordestino coloca em lados opostos governo, comunidade científica, ambientalistas, movimentos sociais e religiosos. O ponto comum que une os sertanejos -a esperança da água- tornou-se alicerce de uma discórdia entre irmãos. Negros, índios, brancos, ricos, pobres, agricultores, famílias inteiras. Acostumados à crueldade imposta pelas secas desde tempos imemoriais, agora falam em crueldade nos Estados vizinhos e dos técnicos do governo que não querem explicar o que vai acontecer com o rio. Conhecido como rio da integração nacional, hoje o São Francisco torna-se o rio da discórdia ao colocar em pé de guerra paraibanos, pernambucanos, baianos, sergipanos, cearenses e mineiros.
Não obstante a poluição, a vida às margens do São Francisco não é tão ríspida quanto em outras locações sertanejas, como ocorre com o casal de agricultores Ailton e Silvia Tavares, em Monteiro (PB). No centro de uma região seca e rochosa, à primeira vista os Tavares são privilegiados, pois moram a poucos metros de um açude. Mas a água é tão poluída e barrenta que até os animais rejeitam. E na região do Cariri paraibano, a dificuldade de conseguir o hipoclorito de sódio é notória, já que o produto é distribuído pelo Ministério da Saúde -de acordo com a população local, está constantemente em falta. As pessoas estão sempre doentes com ameba, principalmente crianças.
A esperança da população rural de Monteiro atende por um nome: transposição. O agricultor Vlamir Bezerra Japyassu, 40, resume a espera ao repetir que "não quer dinheiro, quer apenas água". Para plantar, produzir, comer e vender. Sem água, garante, tudo morre. Eles também. Silvia Tavares tem uma fé quase cega de que, com a transposição, os piores problemas acabam. "Quem tem em abundância não sabe o que é beber um copo de líquido barrento para sobreviver."
Em matéria de sobrevivência pelo rio, poucos têm mais autoridade do que os índios trucás nos arredores de Cabrobó, de volta a Pernambuco, onde a primeira etapa da gigantesca obra da transposição tem início. Saindo do Recife, são seis horas de estrada até este pequeno município de 28 mil habitantes. Os trucás são os maiores produtores de arroz em Pernambuco e também abastecem várias cidades da região com feijão e cebola. A tarde já começa a cair e, para chegar ao início das obras da transposição, é preciso percorrer mais 40 minutos entre rodovia e estrada de terra. A porteira de acesso ao primeiro canal do eixo Norte, previsto para ligar Pernambuco ao Ceará, está fechada. A entrada é proibida. E, para desespero da população que espera receber água da transposição, as obras estão paradas novamente.
Com auxílio dos índios, é preciso ir de canoa a um caminho alternativo, por onde o Exército não irá ver nossa chegada ao local onde estão as primeiras escavações. Os trucás reafirmam que ali naquela terra não vão deixar o governo construir nada, pois a terra é deles. Não cansam de repetir que, pela Constituição, não é permitido construir nada em território indígena sem a permissão dos índios. Segundo o cacique Neguinho, líder do movimento trucá de oposição às obras, não houve nem sequer diálogo para atender às reivindicações da tribo. Em conjunto com a tribo dos tumbalalás, do outro lado do rio, já na Bahia, as lideranças indígenas argumentam que o São Francisco está morrendo e o governo nunca se prontificou a revitalizar a bacia, prejudicando toda a população ribeirinha. E agora, com a transposição, ambas as tribos acreditam ser a oportunidade de ouro para levantar a bandeira histórica da demarcação de terras. "Já nos enganaram uma vez quando construíram a barragem de Sobradinho, todo mundo tinha peixe em abundância e, agora, quem consegue pescar é um sortudo. Não há mais nada. Não vão nos enganar novamente", afirma Neguinho.
Enquanto isso, na região que espera a chegada das águas do São Francisco pela transposição, as obras são aguardadas como salvadoras de tempos secos e água escassa. No Cariri paraibano, a população não quer nem ouvir falar o nome dos trucás. Teoricamente, a área poderá ser uma das principais beneficiadas.


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2007/12/21

ECOFAZENDA

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Canrobert

2007/12/20

Fumaça de maconha - Pesquisa Canada-Folha de Sao Paulo

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Fumaça da maconha tem mais tóxicos que a de tabaco
Queima da erva libera quantia de amônia igual à de 20 cigarros, mostra estudo

Pesquisa canadense aponta ainda uma presença maior de outras substâncias cancerígenas e danosas aos pulmões e ao coração

DA REDAÇÃO

Um estudo divulgado nesta semana traz mais uma evidência de que maconha não é inofensiva, em relação ao cigarro. Pesquisadores canadenses compararam a fumaça da Cannabis com a de tabaco e descobriram que a primeira contém mais substâncias tóxicas, algumas delas carcinogênicas.
Os cientistas, liderados por David Moir, do Programa de Controle de Tabaco, encontraram na fumaça inalada de maconha uma quantia de amônia igual à de 20 cigarros. Os níveis de cianeto de hidrogênio e de óxido nítrico -que afetam coração e pulmões- apareceram em concentrações três a cinco vezes superiores.
Os pesquisadores se motivaram a levantar esses dados depois de perceberem que a porcentagem de jovens entre 15 e 24 anos do país que fumam maconha diária ou ocasionalmente vem crescendo nos últimos anos, enquanto a dos que fumam cigarro vem caindo.
Em parte, isso pode ocorrer porque os malefícios do tabaco são muito mais bem conhecidos e divulgados -como o fato de conter 4.000 substâncias químicas, sendo 50 delas consideradas cancerígenas. "Havia uma falta de trabalhos que examinassem comparativamente os dois produtos", escreveu a equipe na revista "Chemical Research Toxicology".
Ao analisarem a fumaça de cigarro e de maconha tanto do ponto de vista químico quanto toxicológico, eles encontraram no segundo pelo menos 20 substâncias tóxicas e concluíram que a maconha é tão ou mais prejudicial à saúde que o cigarro. Para isso eles usaram uma espécie de robô-fumante, que inalava a fumaça. O material era examinado a seguir.
Os pesquisadores também testaram a fumaça que sai diretamente da brasa -e é inalada por quem está por perto do fumante por exemplo. Nela também foram encontradas amônia, e outras substâncias.
Seus níveis tóxicos, no entanto, ficaram abaixo do detectado na fumaça inalada, porque nesta o calor do cigarro interfere nas reações químicas.
"A confirmação da presença de conhecidos carcinogênicos e outros produtos químicos ligados a doenças respiratórias tanto na fumaça inalada quanto na que sai da brasa dos cigarros de maconha é uma importante informação para a saúde pública", concluíram os autores.

2007/12/19

Taro Mitologico

TARÔ MITOLÓGICO

O Tarô Mitológico ou Tarô Mítico, foi criado por Juliet Sharman-Burke em co-autoria com Liz Greene, conhecida astróloga inglesa. As ilustrações das cartas ficaram a cargo de Tricia Newell.

Esse trabalho veio a público em 1988 e no mesmo ano ganhou uma versão brasileira, com tradução de Anna Maria Dalle Luche, publicada pelas Edições Siciliano.


Nada melhor, para começar, que algumas palavras das autoras retiradas da introdução do livro O Tarô Mitológico, uma nova abordagem para a leitura do Tarô:
Existem duas alternativas para a abordagem das cartas do Tarô. A abordagem histórica, basicamente factual e concreta, e a abordagem psicológica, basicamente arquetipica. Com a primeira, podemos explicar — ou pelo menos tentar explicar — as origens e as primeiras intenções das cartas. A segunda, porém, conduz a uma questão de fascínio eterno, a psique, muito embora sejamos atualmente bastante desenvolvidos cientificamente e dotados de conhecimentos muito profundos.
No mundo da psique, as experiências não estão ligadas pela casualidade, mas pelo significado. Existem outros padrões, que não os concretos, operando dentro de nós e, a menos que possamos compreender alguma coisa sobre a psique, as estranhas coincidências das cartas do Tarô poderão se apresentar diante de nós como altamente assustadoras ou mesmo profundamente perturbadoras.
As ligações entre os fatos de nossa vida cotidiana e o Tarô não existem porque as cartas sejam mágicas, mas sim porque há um significado associado.


É o que queremos dizer com o nascimento, a morte a puberdade enquanto experiências externas e internas. Deparamo-nos com essas experiências em diferentes níveis e em diferentes momentos da vida e dessa maneira haverá sempre uma carta do Tarô que poderá descrever cada uma delas e que irá aparecer misteriosamente num jogo, sem qualquer motivo aparente, num momento em que estejamos experimentando, talvez interiormente, aquela situação arquetipica. Dessa maneira, a forma como o Tarô opera com relação à previsão nada mais é de que uma espécie de espelho da psique.
A natureza arquetipica das imagens aciona um reflexo no intérprete que vislumbra uma situação talvez desconhecida, uma espécie de insight, em relação ao consulente, revelando, assim, aparentemente, coisas que não poderiam ocorrer ou aparecer em nenhuma outra circunstância racional. É por essa razão que a clarividência ou outras manifestações paranormais não são pré-requisitos para um leitor sensível, mas representam na verdade a conscientização dos padrões arquetipicos ou as correntes de forças que atuam em nossa vida e que são refletidas pelas imagens das cartas do Tarô.


Os arcanos maiores

Os arcanos maiores nesse tarô compõem uma série de imagens que descrevem diferentes estágios de uma viagem.
É a viagem do Louco que é a primeira carta da seqüência e, portanto, não tem número.
Trata-se da viagem da vida que todos os homens fazem desde o nascimento, onde percorrem uma infância protegida, representada aqui pelas cartas do Mago, da Imperatriz, do Imperador, da Sacerdotisa e do Hierofante; passa a seguir por uma adolescência conflituosa, aqui representada pelas cartas dos Enamorados e do Carro.
Caminha, a seguir, pela maturidade com seus desafios, perdas e tomadas de decisões, que podem ser representadas pelas cartas da Justiça, da Temperança, da Força e do Eremita.
Em momentos importantes atravessamos crises, perdas e súbitas mudanças de vida representadas pelas cartas da Roda da Fortuna, do Enforcado e da Morte.

Segue-se o despertar para a transformação, num confronto consigo mesmo, representado pelas cartas do Diabo e da Torre, até chegar a realização do objetivo, representado aqui através das cartas da Estrela, da Lua e do Sol.
O Sol, por sua vez, conduz o homem para uma nova viagem, antes fechando o ciclo através das cartas do Julgamento e do Mundo.
Os símbolos dos arcanos maiores dão mais sentido à vida, pois muitos outros antes de nós já passaram por isso e ultrapassaram os obstáculos.
Nenhuma das 22 cartas pode ser considerada totalmente positiva ou totalmente negativa, elas devem ser consideradas etapas mais fáceis ou mais difíceis dependendo do tipo de experiência e do investimento de energia que estamos dispostos a oferecer para esse processo.
Esta viagem é um processo dinâmico e deve ser considerado como um espiral com estágios que podem passar pelo mesmo tema, mas sempre com um nível mais alto de amadurecimento em relação a ele.


Os arcanos menores

Os quatro naipes do tarô simbolizados pela taça (copas), pelo bastão (paus), pela espada (espada) e pelo pentáculo (ouro) descrevem as histórias mitológicas nas quatro dimensões ou esferas da vida.
Na filosofia grega se acreditava que todas as coisas manifestadas eram feitas através dos quatro elementos. Nesse caso o naipe de copas (taça) corresponde ao antigo elemento água e ao mundo dos sentimentos, o símbolo da taça sempre esteve relacionado com o coração. O naipe de paus (bastão) corresponde ao antigo elemento fogo que a tudo transforma sem ser alterado, e está ligado ao fazer e à criatividade. O naipe de espadas corresponde ao antigo elemento ar e está relacionado ao poder ambivalente da mente e do pensamento. O naipe de ouros (pentáculo) corresponde ao antigo elemento terra, a experiência do corpo e ao dinheiro.
De um modo geral, os naipes ou elementos desdobram em detalhes e em um nível pessoal maior, a viagem arquetípica retratada pelas 22 cartas dos arcanos maiores.
Cada naipe focaliza em detalhe um aspecto daquele ciclo maior.




O naipe de copas conta a lenda de Eros e Psique, uma aventura especifica da evolução e o amadurecimento dos sentimentos.




Os desenhos do naipe de copas mostram desde um amor idealizado, uma projeção de paixão irreal, a passagem por muitas provações e dificuldades até que esse amor possa ser humanizado e compartilhado com as pessoas ao redor.




O naipe de paus conta a historia de Jazão e os Argonautas em busca do Velocino de Ouro, uma aventura que gira em torno da imaginação do homem e do quão longe ele consegue chegar em nome dos seus ideais.




Os desenhos do naipe de paus mostram um Jazão inexperiente aceitando uma missão difícil, a sucessão de aventuras sem descanso, o impulso sem racionalidade de se lançar às coisas e não pensar a respeito delas, a competição e a ambição e, por fim, o equilíbrio entre a liderança e a realidade das suas próprias forças.




O naipe de espadas fala da história de Orestes e a maldição da Casa de Atreu, lenda fúnebre repleta de conflitos e derramamento de sangue que ilustra um momento da viagem do louco cheio de turbulências, brigas, mas também de criatividade: a capacidade da mente humana de criar o bem e o mal.




Os desenhos do naipe de espadas se iniciam com um crime depois com grandes mudanças na vida de Orestes pelas batalhas que tem de travar, pelo medo das coisas que deve encarar e a sabedoria de discernir entre o saber quando agir e quando se preservar. O final do ciclo é saber usar os atributos das estratégias da mente em sua forma mais perfeita.




O naipe de Ouros conta a historia de Dédalo, escultor e artesão que construiu o labirinto do Minotauro. É uma lenda sutil e seu herói tem muitas nuances, pois é, na realidade, um misto de vilão e de homem bom. Esse mito retrata os problemas e as vitórias que o homem consquista ao lidar com fracassos e recompensas.




Os desenhos das cartas começam com o naipe de ouros. Dédalo no inicio de sua ascensão, quando desenvolve suas habilidades, saboreia os primeiros frutos do seu trabalho, começa se prender demais ao seu dinheiro até que perde tudo que juntou e tem de descobrir novos talentos para sair dessa crise.

Contato com a autora
Sonia Belotti - www.teias.com.br
Outros trabalhos seus no Clube do Tarô: Autores
dez.07

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